A intercessão de Maria

Na Sagrada Escritura a imagem da mulher já teve grande importância. Basta pensar, dentre várias, na rainha Ester, que teve a capacidade de salvar o povo eleito intercedendo junto ao rei Hamã, tirando-o da condenação (Ester 7, 1-8). A Maria foi dada essa mesma tarefa: a de ser intermediária entre a humanidade e Deus por meio de Jesus. Ela se torna colaboradora no plano de salvação, convidando todos a entrar num relacionamento filial com Deus Pai.

É o que ressalta claramente no primeiro sinal de Jesus em Caná da Galileia (João 2, 1-11). Devido aos descuidos dos organizadores, vindo a faltar o vinho, os noivos teriam ficado mal, os convidados teriam se despedido, e a festa teria terminado negativamente. Levada pela compaixão aos presentes, Maria intercede junto a Jesus em nome dos noivos. Esse papel de Maria, que inicia nessa festa de casamento, se estende a todos os necessitados de todos os tempos, sobretudo os pobres, os marginalizados, os doentes, os presos, os que sofrem, seja qual for o motivo, como ela canta no Magnificat: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva.

Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os que têm planos orgulhosos no coração. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos, e mandou embora os ricos de mãos vazias” (Lucas 1, 46-53). Mesmo depois da Assunção aos Céus, com muitas intervenções, Maria continua a nos dar os dons da salvação eterna. Basta pensar em suas aparições nos lugares e momentos particulares. Apesar disso, ela nos convida sempre a olhar para Jesus e a obedece-Lo: “Fazei o que Ele vos disser” (João 2, 5).

Ela indica o caminho, mas não quer ser o ponto de chegada. Indica-nos como, à imitação dela, cada um de nós pode e deve cooperar com Cristo para o bem da humanidade. E como nos ensina o papa Francisco, o papel de Maria vai além: “Maria é a missionária que se aproxima a nós para nos acompanhar na vida, abrindo os corações à fé com seu afeto materno” (Evangelii Gaudium, 286). Nossa diocese, como já tanto falamos, é quase inteiramente dedicada a Maria: nossa catedral, Nossa Senhora de Fátima, e nosso padroeiro, o Imaculado Coração de Maria, nos direcionam a pensar continuamente nela. Aprendamos a ser como aqueles discípulos que caminham com Maria, isto é, tendo nossos olhos fixos em Jesus.

Que seja mantido o bom costume da reza do terço em família, no grupo do terço dos homens e nos vários grupos e movimentos. Conforme disse Maria na aparição a São Domingos: “Reza o meu saltério e ensina-o às pessoas. Esta oração nunca falhará”. Com estas palavras, mais uma vez, pretendo entrar em vossas casas e em vossos corações garantindo a minha oração e enviando a minha bênção.

Dom Ettore Dotti, csf

Bispo Diocesano 

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